quarta-feira, 8 de junho de 2011

A FELICIDADE MORA AO LADO

           Recentemente li uma reportagem na Revista Época sobre o “mito da felicidade”, a qual me fez refletir sobre algumas questões. Poucos são os consensos acerca deste tema. Acho que a única concordância é o fato dela ser uma experiência positiva. Alguns autores das ciências humanas e sociais relacionam a felicidade com os tempos atuais, levantando uma série de paradoxos.
            O autor francês Aubert, por exemplo, discute a respeito da urgência que configura cada vez mais o cotidiano hipermoderno, transformando a vida numa verdadeira corrida individual em busca do bem-estar, da autorealização, dos exageros, das novidades e da felicidade. O indivíduo hipermoderno se transforma num “toxicômano da ação”, querendo sempre aproveitar o máximo que a vida tem para oferecer, estando sempre com pressa para conseguir dar conta de tudo que a sociedade contemporânea exige. Vejo em meu consultório, por exemplo, a luta das mulheres para serem ótimas donas-de-casa, boas mães, esposas ideais, bem-sucedidas profissionalmente e ainda por cima esbeltas! Com essa lista de afazeres, o que elas sentem no meio deste caos, é um mero detalhe. A avidez pelos excessos é uma característica da hipermodernidade, refletindo no excesso de consumo, mas também no excesso de estresse, excesso de solicitações e pressões, onde se busca realizar sempre mais num menor tempo possível, resultando numa hiperatividade cotidiana. Num contexto onde o indivíduo precisa se superar constantemente, superar seus limites e seu tempo, a adição de substâncias destinadas a dar suporte ao ritmo constante e acelerado pode se tornar uma solução a ser buscada.
A matéria que li relata que “ A ambição de sempre colocar um sorriso no rosto pode ter um efeito contrário”. A pressão por ser feliz, condição nada fácil de ser definida, pode acabar reduzindo as chances de as pessoas viverem bem.” Seligman que, segundo a revista, é considerado o mestre da psicologia positiva, afirma que “perseguir apenas a felicidade é enganoso”. Segundo ele, a felicidade pode tornar a vida um pouco mais agradável, mas só. Em seu lugar, o ser humano deveria buscar um objetivo mais simples e fácil de ser contemplado: o bem-estar.  Para este psicólogo existem cinco fatores para se viver bem: felicidade, propósito, realização, engajamento e relações pessoais. A felicidade seria apenas um desses cinco fatores. Seligman afirma que é preciso restringir o conceito de felicidade. Perseguir só ela é enganoso, uma vez que as emoções positivas são só parte do que motiva as pessoas.
Segundo o sociólogo Bauman, a busca da felicidade nunca vai terminar. Seu fim equivaleria ao fim da felicidade como tal. Não sendo possível atingir um estado seguro de felicidade, só a busca desse alvo é que pode manter felizes aqueles que buscam. Estar feliz é manter viva a esperança de ser feliz. Enquanto essa esperança ainda palpitar, a infelicidade não representa uma ameaça. Mas tal esperança só pode permanecer viva sob a condição de uma rápida sucessão de “novas oportunidades” e “novos inícios”.  Sendo assim, a “felicidade genuína, adequada e total” sempre parece residir em algum lugar à frente, tal como o horizonte que recua quando se tenta chegar mais perto dele. E é por isso que a busca da felicidade é paradoxal, uma vez que é impossível sua realização plena e sua satisfação total. Mas, ao mesmo tempo, é impossível os seres humanos, algum dia, deixarem de desejá-la e desistirem de procurá-la. Será? 

2 comentários:

  1. Amiga, vc me encorajou a virar blogueira tbm! rs

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  2. Essa é minha amiga :) Tenho orgulho de vc Lorão!
    Parabéns amiga, vou linkar seu blog :)
    Bjokas
    http://vivi.sabrisweb.com

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